Descobri recentemente uma página bem interessante que homenageia o Garfield – mas, paradoxalmente, sem o Garfield. Ou seja, o foco recai sobre Jon Arbuckle, o humano que tem o privilégio de conviver com o felino alaranjado criado por Jim Davis.

O irlandês Dan Walsh é o homem por trás de “Garfield Minus Garfield” (“Garfield Menos Garfield” ou “Garfield sem o Garfield”, em tradução livre). Ele pega tiras já publicadas pelo Jim Davis e retira o protagonista. O resultado é bem curioso, e normalmente melancólico: temos Jon falando sozinho, parado esperando algo acontecer, contemplando uma parede…

As HQs originais, hilárias, dão margem a histórias completamente diferentes. Em uma delas, acima, Jon aparece no primeiro quadro lamentando a solidão – nos dois seguintes, ele não aparece. Provavelmente havia o Garfield fazendo alguma piada. Sem ele, a melancólica solidão de Jon é apenas ampliada, quase nos dando pena de sua vida medíocre.

Em outra, abaixo, Jon fala sozinho por três quadros: “O dia acabou… Não dá para voltar atrás… Acabou mesmo!”. Novamente, sem o Garfield, temos apenas uma filosófica melancolia de um homem adulto que mora – e fala – sozinho.

E há, claro, histórias engraçadas em que Jon parece apenas uma pessoa falando coisas sem sentido.

O que Jim Davis diria da iniciativa de Dan Walsh? Ele gostou! Aliás, não só gostou como escreveu um texto para o livro “Garfield Minus Garfield”, lançando no longínquo ano de 2008. A edição impressa traz as tiras originais acompanhadas das versões sem o Garfield.

A ideia por trás de “Garfield Minus Garfield” pode parecer simples demais, mas o resultado é surpreendente. Você pode acompanhar aqui – infelizmente, apenas em inglês.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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