Yoshiharu Tsuge é um dos grandes nomes dos gekigás, os quadrinhos japoneses voltados para o público adulto. Infelizmente, pouca coisa dele chegou aqui ao Brasil para entendermos como ganhou tanta relevância – na verdade, apenas uma obra: o excelente, e triste, “O Homem sem Talento”, lançado pela Veneta.

Eu me lembro onde estava quando comecei a ler “O Homem sem Talento”: em um hospital, esperando ser atendido. E também lembro por que mexeu comigo: o cotidiano perene do protagonista, sua infelicidade perene ele, a rotina cinza a que está preso. Ele é descrito no título como “sem talento”, mas poderia ser “sem perspectiva” ou “sem sonhos”. E isso mexeu comigo. Quantas pessoas ao seu redor são assim? Quantas pessoas das quais você realmente gosta são assim?

A mesma Veneta de “O Homem sem Talento” vai nos propiciar acesso a mais uma obra de Tsuge: a editora colocou em pré-venda “Nejishiki, uma coletânea com 16 de suas obras. Não sei exatamente o que esperar, confesso. Mas deixo, abaixo, a sinopse da editora:

“Em junho de 1968, a célebre revista japonesa Garo dedicou uma edição especial a Yoshiharu Tsuge, já um dos autores mais amados pela geração de jovens que, à época, tomavam as ruas e desejavam revolucionar o Japão. Como que em resposta a esse movimento, produziu para essa edição da Garo uma história enigmática como um sonho – ou como um pesadelo – a respeito de um rapaz em busca de cura para um ferimento misterioso. O impacto dessa HQ, chamada “Nejishiki” foi imenso não apenas nos mangás underground, mas também naqueles do mainstream. Mais que isso: desde sua publicação, essa obra provocou inúmeras reações e gerou diversas interpretações, tanto de leitores e outros quadrinistas, quanto de psicólogos, acadêmicos, escritores, artistas e poetas. Inspirou diversos outros quadrinhos e adaptações para outras linguagens, inclusive videogames e um filme, de 1998, estrelado por Tadanobu Asano, célebre por seu papel na série Xógum: A Gloriosa Saga do Japão.”

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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