“Falar sobre racismo e história de negros no Brasil não é simples nem fácil”, me disse uma vez, alguns anos atrás, o multipremiado quadrinista Marcelo D’Salete durante uma entrevista. “Somos resultado de uma história de violências e apagamentos”, completou.

D’Salete sabe o que fazer a partir deste ponto de partida: quadrinhos. Quadrinhos premiados, aliás: “Cumbe”, por exemplo, que aborda negros escravizados e o Quilombo dos Palmares, ganhou em 2018 o Eisner Awards na categoria de melhor publicação estrangeira. D’Salete voltou ao Quilombo dos Palmares na HQ seguinte, “Angola Janga”, e ganhou mais prêmios: o Jabuti (categoria quadrinhos) e quatro HQ Mix em uma tacada só: desenhista nacional, roteirista nacional, destaque internacional e edição especial nacional. Mukanda Tiodora, de 2022, voltou a ganhar o Jabuti – e mais duas categorias do HQ Mix.

Em seu novo livro, D’Salete volta a falar sobre negros e racismo, mas agora voltado ao público a partir dos 4 anos. A Companhia das Letrinha está lançando “Luanda no Terreiro“, HQ que parte da relação entre duas criança – uma com preconceito contra religiões de matizes africanas, outra adepta a uma delas. Leia a sinopse da editora:

“Luanda está animada para a festa no terreiro. Toda a comunidade está envolvida nos preparativos para o xirê, e ela não poderia ficar de fora. Com a lista de itens nas mãos, parte para a loja do seu Beto para comprar inhame, dendê e feijão. Porém, durante o caminho, ela nota algo diferente. ‘Será que alguém está me seguindo?’, a menina pensa. Mais adiante, percebe que seu pressentimento era real: quem a seguia era Edu.
Ele acompanhava a menina durante o trajeto e, assim que teve a oportunidade, disse tudo o que pensava sobre a religião dela. Desse momento em diante, Luanda mostra para Edu que é possível vencer o preconceito com respeito e acolhimento, e convida todos os leitores para conhecer um pouquinho mais sobre as religiões de matriz africana.
Luanda no terreiro é a primeira história em quadrinhos assinada por Marcelo D’Salete na Companhia das Letrinhas. Com um sólido e premiado trabalho, dessa vez o autor apresenta os traços, as cores, os cheiros, as comidas, os cantos e os encantos do Candomblé, exaltando o local sagrado das cerimônias e rituais e abordando a tolerância religiosa com a graça e a delicadeza próprias das infâncias.”

Please follow and like us:

Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

Quer falar comigo, mas não pelos comentários do post? OK! Meu e-mail é pedrocirne@gmail.com

LinkedIn: https://br.linkedin.com/in/pedro-cirne-563a98169