
Toda semana, aproveito o Sugestões de Sábado para dar dicas de HQs que tenham algo em comum, mas que sejam diferentes entre si. Hoje, empolgado com o fato de a Espanha estar inaugurando seu primeiro museu dedicado aos quadrinhos, resolvi destacar autores espanhóis lançados no Brasil.
Ótimos autores espanhóis, devo dizer.
Boa leitura!

“Ardalén”, de Miguelanxo Prado
Roteirista e ilustrador fantástico, capaz de transitar por vários gêneros, Prado apresentou em “Ardalén” um drama sensível sobre envelhecimento, memória, solidão e relacionamentos. Os temas são profundos e a narrativa, envolvente. Não precisava de mais para eu gostar, mas Prado ainda apresenta uma arte lindíssima – queria muito contar sobre uma certa página dupla, mas vou evitar spoilers…

“Rugas”, de Paco Roca
Não é fácil abordar o envelhecimento, a proximidade da morte e uma doença que não tem cura. Paco Roca assumiu esse risco e se saiu muito bom. “Rugas” é um livro sensível… e forte… e bonito. Trata-se do cotidiano de Emílio, um senhor que sofre de Alzheimer e mora em um asilo. Ao seu redor, outras histórias – e dramas – se desenrolam.

“Paracuellos”, de Carlos Giménez
Para mim, uma das grandes HQs europeias das últimas décadas. Inspiradas nas lembranças de Giménez e de seus colegas, “Paracuellos” retrata um ponto específico da Espanha na primeira metade do século 20: um abrigo para crianças mantido pela união da Igreja Católica com a ditadura espanhola de Francisco Franco (1892-1975). São histórias reais, mas parecem fantasias, tamanha a crueldade com a qual as crianças são tratadas.
Em 1981, “Paracuellos” foi aclamada a melhor HQ do ano no Festival de Angoulême, o mais tradicional da Europa. Com o passar dos anos, as histórias foram sendo reunidas em livros – seis edições já saíram até hoje. O Brasil recebeu, há pouco tempo, uma edição que compila os quatro primeiros volumes.